História de Catarina Solano de Almeida

 • 18h • 4 min de leitura

Astrónomos anunciaram a descoberta de um planeta fora do Sistema Solar que pode ter um oceano de águas temperadas com cerca de metade do tamanho do Atlântico e uma atmosfera.

Há um exoplaneta que tem estado na mira dos astrónomos desde que foi descoberto em 2017 na esperança de ser potencialmente habitável. Novos dados fornecidos pelo telescópio espacial James Webb revelam que pode ser o primeiro planeta oceânico detetado fora do Sistema Solar.

LHS 1140b está a “apenas” 48 anos-luz da Terra, na constelação da Baleia e orbita uma estrela anã vermelha com cerca de um quinto do tamanho do nosso Sol.

Umano-luz é a distância que a luz percorre num ano: 9 460 730 472 580,8 de quilómetros, ou seja, mais de 9 biliões de quilómetros

Foi encontrado em 2017, enriquecendo o catálogo de milhares de exoplanetas que já se conhecem – astros que orbitam em torno de uma estrela semelhante ao nosso Sol. Mas apenas alguns são considerados potencialmente habitáveis, ou seja, com probabilidade de abrigar uma forma de vida num planeta que não está nem muito perto nem muito longe da sua estrela – conhecida como “zona Goldilocks” ou dourada.

Graças aos novos dados do telescópio espacial James Webb, recolhidos em dezembro de 2023 e adicionados a dados recolhidos anteriormente por outros telescópios espaciais Spitzer, Hubble e TESS – foi possível aos astrónomos considerarem LHS 1140b como potencialmente habitável, revelam num estudo publicado no Astrophysical Journal Letters.

“Tem condições de temperatura e pressão na superfície que permitem que a água seja líquida e assim permaneça”, segundo o autor principal do estudo, o astrofísico Charles Cadieux, da Universidade de Montréal, em comunicado.

Uma super Terra e não um mini Neptuno

A equipa da Universidade de Montréal confirmou que LHS 1140b é uma super Terra com uma massa cerca de 5,6 vezes maior que a do nosso planeta.

As primeiras observações colocavam o exoplaneta entre dois tipos: com tal densidade que poderia ser um mini Neptuno, uma bola rochosa com uma atmosfera muito espessa de hidrogénio e hélio. Ou uma super Terra, ou seja “um planeta oceânico com um núcleo rochoso ligeiramente menor, mas compensado por um envelope de água”, explica Cadieux.

“Grandes quantidades de água”

A densidade do LHS 1140b implica que “o planeta realmente possui grandes quantidades de água”, segundo Martin Turbet, coautor do estudo e investigador do CNRS no Laboratório de Meteorologia Dinâmica.

Resta saber sob que forma está essa água. E é aí que volta a questão da atmosfera do planeta. “Não temos nenhuma demonstração direta de que tenha uma atmosfera, mas há elementos que apontam nessa direção”, disse Turbet à AFP.

A primeira vantagem é que LHS 1140b é suavemente aquecido pelos raios da sua estrela, uma anã vermelha, com “temperaturas à superfície que devem ser bastante parecidas com as temperaturas que existem na Terra ou em Marte”.

Dependendo se a sua eventual atmosfera contém poucos ou muitos gases com efeito estufa, como o dióxido de carbono, a superfície da água será gelada ou não. Poderá até ter um oceano líquido numa parte do planeta exposta aos raios da sua estrela.

A menos que este oceano esteja escondido sob uma camada de gelo, “um pouco como as luas geladas Ganimedes, Encélado ou Europa, que orbitam em torno dos planetas gigantes do sistema solar, Júpiter e Saturno”, explicou Turbet.

Serão por isso necessárias mais observações para confirmar, por exemplo, os dados dos espectrómetros do James Webb que indicam “talvez a presença de azoto”, um gás omnipresente, juntamento com o oxigénio, no ar que os humanos respiram na Terra, segundo Charles Cadieux.

A equipa de Montreal está a fazer campanha para obter outras observações do LHS 1140b com o James Webb, durante algumas horas por ano.

“Precisamos de pelo menos um ano para confirmar que LHS 1140b tem uma atmosfera, e provavelmente mais dois ou três para detetar dióxido de carbono”, estima o astrofísico René Doyon, co-autor do estudo citado no comunicado de imprensa da Universidade de Montreal.

Telescópio Espacial James Webb

Vida noutros planetas? Novas descobertas apontam para essa possibilidade

Vida noutros planetas? Novas descobertas apontam para essa possibilidade© AP

Projeto conjunto da NASA/ESA/CSA (agência espacial do Canadá), o telescópio espacial James Webb é o novo grande observatório de ciências espaciais para resolver os mistérios do Sistema Solar, explorar mundos distantes em redor de outras estrelas e descobrir as origens do Universo.

O seu lançamento estava previsto para março de 2021, mas a pandemia obrigou ao adiamento. Foi lançado em dezembro de 2021 e as primeiras imagens foram divulgadas a 12 de julho de 2022. O primeiro aniversário de James Webb no espaço foi celebrado com onascimento de estrelas semelhantes ao Sol.

James Webb é excelente na deteção infravermelha, enquanto o Hubble se concentra na luz visível – constituindo uma dupla complementar para a observação científica.

A Europa começou o ano novo com uma intensa onda de calor no inverno. As altas temperaturas e a falta de queda de neve nos Alpes e nos Pirenéus deixaram várias estâncias de esqui com pouca ou nenhuma neve. A diferença na cobertura de neve é visível nestas imagens do Copernicus Sentinel-2 capturadas em janeiro de 2022 em comparação com janeiro de 2023, na foto seguinte, que mostra os resorts de esqui Flims, Laax e Falera na Suíça.
Esta imagem apresenta NGC 346, uma das regiões de formação de estrelas mais dinâmicas em galáxias próximas, observada pelo Telescópio Espacial James Webb da NASA/ESA/CSA. NCG 346 está localizado na Pequena Nuvem de Magalhães, uma galáxia anã próxima à nossa Via Láctea.©NASA, ESA, CSA, STScI, A. Pagan (STScI)

Fonte: SIC Notícias

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